Empatia, a palavra do momento, tem sido repetida aos quatro cantos à exaustão. E liderança sem empatia não constrói ambientes saudáveis. Ok, #TamoJuntoAtéAqui.
Mas será que tudo que te ensinaram sobre empatia tem tanto fundamento assim? Convido à reflexão. Gustavo Gitti explicou em seu blog que empatia em excesso pode levar ao burnout, e essa informação tem fundamento científico. Ele explica que o doutor em genética molecular Matthieu Ricard fez uma pesquisa sobre o burnout envolvendo cuidadores, e os resultados foram interessantes. O estudo foi realizado junto de Tania Singer, diretora do departamento de neurociência social no Instituto Max Planck, e chegou à conclusão de que o sentimento de empatia gera cansaço, mal-estar, sensação de impotência e um impulso de se distanciar. Quando analisou a compaixão, tudo mudou: a aflição se tornou disposição em ajudar. A empatia paralisava enquanto a compaixão incentivava.
Mas o que isso tem a ver com o ambiente empresarial? Creio que muito. Conviver com pessoas desperta, com certa frequência, o desejo de empatizar. Mas se você não souber transformar essa empatia em um impulso altruísta de ternura para aquele que está em sofrimento, ela vai te sufocar.
O que quero dizer com isso? Às vezes, ao presenciarmos o sofrimento de alguém, temos o ímpeto de acreditar que temos o dever de dizer o que a pessoa precisa fazer, como se fôssemos a solução de seus problemas. A maioria dos profissionais não ouve com a intenção de entender, ouve com a intenção de responder. Essa vontade exacerbada de solucionar a vida alheia é desgastante e em nada tem a ver com altruísmo. Aliás, nem mesmo com empatia. E, pasme, em boa parte das vezes a pessoa nada quer ouvir, ela só precisa ser ouvida. Em boa parte das vezes, a pessoa não deseja ver o seu problema sendo comparado com problemas maiores. O dela é real e está doendo. Respeite! Aproveite e desconsidere qualquer reação de pena, porque isso não vai consolá-la. Em resumo, mesmo com boníssima intenção, isso pode não ser empatia.
Agora, use a empatia cognitiva, sem moderação, quando alguém quiser compartilhar uma dor. Como? Acolhendo, escutando genuinamente, expressando o seu sentimento de compreensão, mas por favor, não saia resolvendo pela pessoa o que a vida está trazendo para que ela evolua. Se formos capazes de entender as limitações temporárias do outro e a sua necessidade de estar vulnerável em algum momento da vida — seja lá por qual motivo for — e não ser repreendido por isso, possivelmente teremos entregue o que a pessoa realmente veio buscar: a possibilidade de ser dona da sua própria vida.
No mais, aproveite para cuidar de quem cuida — ou seja, de você. Somos cobrados demais para cuidar do outro, do time, dos resultados, do negócio. A frustração, a impotência e a tristeza de não poder resolver o problema do outro pelo outro pode te levar à exaustão, e a exaustão, ao burnout.
Em um time que funciona bem, em momentos adversos, um levanta o outro, e não se afundam juntos.
Fundadora da CreScer Group, consultoria renomada no desenvolvimento de lideranças, esposa há 31 anos e mãe da adorável Talyta. Atua há mais de 30 anos no mercado em posições estratégicas nas áreas de gestão de pessoas. É psicóloga, com extensão em psicodrama e assessment pela TTI Sucess Insights e pós-graduada em marketing, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV. Coach e Mentora com certificação internacional pelo Integrated Coaching Institute, pelo Center for Advanced Coaching e Erlich Organizações, e em metodologias ágeis pela MindMaster. Autora do livro “Um RH Visto de Cima – O que a Alta Administração Espera que Você Saiba para Fazer a Diferença” e coautora de outros quatro livros significativos na área. Eleita profissional do ano pela Associação Brasileira de Liderança nos anos de 2018, 2021 e 2023, combinando assim, experiência, educação e paixão para impactar o campo da liderança empresarial.