Longe de mim querer dar pitaco sobre futebol. Meu pitaco é sobre liderança. E foi na liderança que Tite falhou. O Brasil perdeu para a Croácia nos pênaltis depois de um jogo dificílimo, e a postura do técnico, o líder, é um exemplo ao contrário.
Começarei do começo: Tite liderava um time de jovens. Muitos jogadores dessa seleção jogavam a Copa pela primeira vez. Era um peso enorme. Quando o árbitro apitou e anunciou que o resultado ficaria por conta dos pênaltis, Tite abaixou a cabeça e deixou os garotos, em sua maioria apavorados, sozinhos.
Quem definiu os batedores foi o auxiliar técnico dele, enquanto Tite, o líder, ficava no banco de reservas com o semblante de que a derrota já era certa. Ele não incentivou sua equipe; assumiu a derrota antes de a derrota vir e se deu o direito de esmorecer. Um líder não pode esmorecer e abandonar sua equipe antes do fim da batalha, seja ela qual for: um jogo, uma competição, uma meta a ser batida.
O primeiro a bater foi o jogador mais jovem da seleção. Rodrygo tem 21 anos, e ele não teve seu mentor nos instantes que antecederam a batida para acalmar o coração jovem e angustiado. Tite estava cabisbaixo no banco. Rodrygo bateu mal. A Croácia foi melhor e se classificou para a semifinal da Copa. Os jogadores brasileiros, os jovens que citei anteriormente, ficaram desolados no gramado. As lágrimas não eram simbólicas. Eles choraram muito. E o Tite?
Tite sequer falou com seus atletas. Deixou sua equipe chorando a dor da eliminação e saiu de cena, entrou no túnel e sumiu. Que tipo de líder é esse? Se a vitória tivesse acontecido, a reação dele seria essa? Claro que não. Teria comemorado junto. Na derrota, tem que acolher e permanecer junto. Um líder não abandona a equipe se eximindo da responsabilidade. Um líder não ignora o sofrimento da nova geração, que vai errar, e precisa de suporte para aprender. Um líder não abaixa a cabeça enquanto ainda há luta. Um líder não dá as costas ao seu time desolado. Tite fez tudo isso.
É futebol, mas poderia ser a sua empresa. Liderar um time, na alegria e na tristeza, é assumir responsabilidade, bater no peito e lidar com as consequências da derrota. Um líder não esmorece e não permite que seu time esmoreça.
Fundadora da CreScer Group, consultoria renomada no desenvolvimento de lideranças, esposa há 31 anos e mãe da adorável Talyta. Atua há mais de 30 anos no mercado em posições estratégicas nas áreas de gestão de pessoas. É psicóloga, com extensão em psicodrama e assessment pela TTI Sucess Insights e pós-graduada em marketing, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV. Coach e Mentora com certificação internacional pelo Integrated Coaching Institute, pelo Center for Advanced Coaching e Erlich Organizações, e em metodologias ágeis pela MindMaster. Autora do livro “Um RH Visto de Cima – O que a Alta Administração Espera que Você Saiba para Fazer a Diferença” e coautora de outros quatro livros significativos na área. Eleita profissional do ano pela Associação Brasileira de Liderança nos anos de 2018, 2021 e 2023, combinando assim, experiência, educação e paixão para impactar o campo da liderança empresarial.