Fala-se o tempo todo sobre cultura empresarial. Poucos questionam de fato o que é uma cultura em uma empresa. De onde ela vem e como se mantém. Vitor explica que a manutenção dessa cultura é realizada por funcionários que sequer sabem o porquê das ações que ditam, mas as continuam ditando por ser o único método que conhecem. Meu intuito com essa análise, entretanto, não é repetir o que Vitor pontuou brilhantemente, mas convidá-los a uma segunda reflexão: o que acontece com os hereges e como essa opressão a quem questiona pode prejudicar sua empresa?
Os hereges, segundo o framework Cynefin criado pelo pesquisador galês David Snowden, formam não mais que 5% de uma empresa. São eles quem lideram as mudanças mais bruscas, numa tentativa de romper com a mesmice. Só que a aceitação a essas ideias mirabolantes é pífia. Nesses casos, os hereges se cansam e se libertam da empresa ou a empresa os liberta à força, se é que me entendem.
Mas será que mesmo após a libertação esses hereges mantêm suas ideias questionadoras e revolucionárias em novas empresas ou o medo da recusa poda o que eles têm de melhor? Arrisco dizer que a segunda opção é a que prevalece na maior parte das vezes. Ao sair de uma empresa e começar do zero em outra, é natural se questionar para não repetir o que não deu certo. Acontece que, às vezes, o que não deu certo é a melhor característica da personalidade desse funcionário, e a empresa, careta, não sabe aproveitar.
Então, após a opressão à sua sede por mudanças, os hereges muitas vezes anulam suas ideias e acabam, forçadamente, se adaptando ao status quo; aceitando que “manda quem pode e obedece quem tem conta para pagar”. O raro herege se torna um funcionário comum e opaco, que pouco faz pela companhia e por si próprio. Por isso, ouça seus hereges. Isso não significa aceitar tudo o que propõe, mas se você tem um funcionário questionador e propositivo na sua equipe, agradeça. É aquela velha história: melhor ter que segurar a ter que empurrar.
Fundadora da CreScer Group, consultoria renomada no desenvolvimento de lideranças, esposa há 31 anos e mãe da adorável Talyta. Atua há mais de 30 anos no mercado em posições estratégicas nas áreas de gestão de pessoas. É psicóloga, com extensão em psicodrama e assessment pela TTI Sucess Insights e pós-graduada em marketing, com MBA em Gestão Estratégica de Pessoas pela FGV. Coach e Mentora com certificação internacional pelo Integrated Coaching Institute, pelo Center for Advanced Coaching e Erlich Organizações, e em metodologias ágeis pela MindMaster. Autora do livro “Um RH Visto de Cima – O que a Alta Administração Espera que Você Saiba para Fazer a Diferença” e coautora de outros quatro livros significativos na área. Eleita profissional do ano pela Associação Brasileira de Liderança nos anos de 2018, 2021 e 2023, combinando assim, experiência, educação e paixão para impactar o campo da liderança empresarial.
